terça-feira, 2 de junho de 2015

Psicose e Sociedade


Como é vista a psicose ?


Segundo o senso comum a psicose é metaforizada na palavra loucura. Então amigo leitor, o que seria uma pessoa louca? A dificuldade de definir os parâmetros dos transtornos mentais também se reflete na maioria da população leiga. Contudo a identificação do “louco” é fácil de realizar. Isso acontece porque estamos inseridos em um processo sociocultural de estigmas e símbolos que identificam os conceitos dos determinantes sociais de comportamento.
A loucura é e foi tratada de diferentes formas com o passar dos anos. Mas só recentemente a comunidade científica buscou um padrão para criação de uma conduta terapêutica, essa pautada no modelo de saúde e doença.
 A psicose é concebida na sociedade ocidental como uma afecção mental que tira a completa noção de identificação do ser como cidadão, e erroneamente dissocia o portador de seus direitos. A perda da razão, segundo a sociedade ocidental vigente, marginaliza o indivíduo, criando dois tipos de grupos: “os normais” e os “psicóticos”. Esse tipo de abordagem dificulta o entendimento da doença e até seu processo de identificação, que começa dentro do seio familiar. Tal atitude leva o indivíduo a não exteriorizar a sua angústia e sofrimento, fazendo com que o quadro se agrave. Quando suas atitudes já não são mais saudáveis diante dos mais próximos, é que na maioria das vezes procura-se o profissional de saúde capacitado.
O psiquiatra Augusto Cury trata esse tema de forma brilhante no seu livro o Futuro da Humanidade, onde cria um diálogo entre um jovem médico e um morador de rua sobre o viés da loucura na comunidade. O personagem principal Marco Polo questiona os padrões de comportamentos e percebe no morador de rua Falcão de que maneira é excluído um portador de transtornos mentais.
O mais preocupante é que a Reforma Psiquiátrica no Brasil parece caminhar a passos lentos. Como conscientizar a população e por consequência melhorar a assistência aos portadores de psicoses? Sem a adequação da rede de atenção básica do SUS (Sistema Único de Saúde) para o pré-atendimento e acolhimento desses indivíduos, além do processo educacional promovido também por esse sistema, é muito difícil desconstruir o estigma da “loucura” e toda carga de preconceito que esse símbolo traz para o doente.
Psicóticos são cidadãos e merecem todos os direitos vigentes e cabíveis a um cidadão comum. Seus direitos a saúde e as demais instituições oferecidas pelo Estado devem ser mantidas. E o olhar para os portadores da doença não pode ser de exclusão e sim de inclusão ao meio social. Isso facilitaria a identificação precoce da psicose e um melhor viés da conduta terapêutica.



Maluco Beleza – Raul Seixas

Enquanto você/Se esforça pra ser/Um sujeito normal/E fazer tudo igual/Eu do meu lado/Aprendendo a ser louco/Um maluco total/Na loucura real/Controlando/A minha maluquez/Misturada/Com minha lucidez/Vou ficar/Ficar com certeza/Maluco beleza/Eu vou ficar/Ficar com certeza/Maluco beleza

E então? Mudou a sua ideia sobre o portador da psicose? Reflita um pouco a respeito e comente no nosso post!
Espero que tenham gostado, e continuem ligados!

Abraços!

Hellen Leite

6 comentários:

  1. Parabéns, Hellen, muito elucidativo seu texto, e evidencia o comportamento omisso da sociedade e do Estado quanto ao tratamento dos portadores de psicoses, que por não serem compreendidos acabam marginalizados e excluidos!

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  2. A psicose continua fazendo parte da DSM?
    Vimos que o termo neurose não é mais utilizado

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  3. Que bom Helen Leite...achei muito interessante! !!

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  4. Muito bom Helen !!!esta de parabéns

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  5. Camila Alvim, segundo o DMS ( The Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - EUA ) , o termo psicose não é usado para generalizar as afecções que as compõe, tratando delas separadamente. No site oficial http://www.psychiatry.org/practice/dsm , é possivél encontrar definição e demais informações sobre esquizofrenia, por exemplo , que é um caso de psicose. Abraço, e continue nos acompanhando!

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  6. Eu achei muito boa a iniciativa de falar a respeito de um assunto que em meio a tantas coisas que ocupam nosso dia a dia, acabam passando despercebido. Não é difícil encontrar na vizinhança exemplos de pessoas que sofrem variados tipos de transtornos mentais e são negligenciados, excluídos e humilhados pela sociedade e seus próprios parentes, parabéns, todo esclarecimento e importante.

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