Como é vista a psicose ?
Segundo o senso comum a psicose é metaforizada na palavra
loucura. Então amigo leitor, o que seria uma pessoa louca? A dificuldade de
definir os parâmetros dos transtornos mentais também se reflete na maioria da
população leiga. Contudo a identificação do “louco” é fácil de realizar. Isso
acontece porque estamos inseridos em um processo sociocultural de estigmas e
símbolos que identificam os conceitos dos determinantes sociais de
comportamento.
A loucura é e foi tratada de diferentes formas com o passar
dos anos. Mas só recentemente a comunidade científica buscou um padrão para
criação de uma conduta terapêutica, essa pautada no modelo de saúde e doença.
A psicose é
concebida na sociedade ocidental como uma afecção mental que tira a completa
noção de identificação do ser como cidadão, e erroneamente dissocia o portador
de seus direitos. A perda da razão, segundo a sociedade ocidental vigente,
marginaliza o indivíduo, criando dois tipos de grupos: “os normais” e os
“psicóticos”. Esse tipo de abordagem dificulta o entendimento da doença e até
seu processo de identificação, que começa dentro do seio familiar. Tal atitude
leva o indivíduo a não exteriorizar a sua angústia e sofrimento, fazendo com
que o quadro se agrave. Quando suas atitudes já não são mais saudáveis diante
dos mais próximos, é que na maioria das vezes procura-se o profissional de saúde
capacitado.
O psiquiatra Augusto Cury trata esse tema de forma brilhante
no seu livro o Futuro da Humanidade, onde cria um diálogo entre um jovem médico
e um morador de rua sobre o viés da loucura na comunidade. O personagem
principal Marco Polo questiona os padrões de comportamentos e percebe no
morador de rua Falcão de que maneira é excluído um portador de transtornos
mentais.
O mais preocupante é que a Reforma Psiquiátrica no Brasil
parece caminhar a passos lentos. Como conscientizar a população e por
consequência melhorar a assistência aos portadores de psicoses? Sem a adequação
da rede de atenção básica do SUS (Sistema Único de Saúde) para o
pré-atendimento e acolhimento desses indivíduos, além do processo educacional
promovido também por esse sistema, é muito difícil desconstruir o estigma da
“loucura” e toda carga de preconceito que esse símbolo traz para o doente.
Psicóticos são cidadãos e merecem todos os direitos
vigentes e cabíveis a um cidadão comum. Seus direitos a saúde e as demais
instituições oferecidas pelo Estado devem ser mantidas. E o olhar para os
portadores da doença não pode ser de exclusão e sim de inclusão ao meio social.
Isso facilitaria a identificação precoce da psicose e um melhor viés da conduta
terapêutica.
Maluco
Beleza – Raul Seixas
Enquanto
você/Se esforça pra ser/Um sujeito normal/E fazer tudo igual/Eu do meu
lado/Aprendendo a ser louco/Um maluco total/Na loucura real/Controlando/A minha
maluquez/Misturada/Com minha lucidez/Vou ficar/Ficar com certeza/Maluco
beleza/Eu vou ficar/Ficar com certeza/Maluco beleza
E então? Mudou a sua ideia sobre o portador da psicose?
Reflita um pouco a respeito e comente no nosso post!
Espero que tenham gostado, e continuem ligados!
Abraços!
Hellen Leite
Parabéns, Hellen, muito elucidativo seu texto, e evidencia o comportamento omisso da sociedade e do Estado quanto ao tratamento dos portadores de psicoses, que por não serem compreendidos acabam marginalizados e excluidos!
ResponderExcluirA psicose continua fazendo parte da DSM?
ResponderExcluirVimos que o termo neurose não é mais utilizado
Que bom Helen Leite...achei muito interessante! !!
ResponderExcluirMuito bom Helen !!!esta de parabéns
ResponderExcluirCamila Alvim, segundo o DMS ( The Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - EUA ) , o termo psicose não é usado para generalizar as afecções que as compõe, tratando delas separadamente. No site oficial http://www.psychiatry.org/practice/dsm , é possivél encontrar definição e demais informações sobre esquizofrenia, por exemplo , que é um caso de psicose. Abraço, e continue nos acompanhando!
ResponderExcluirEu achei muito boa a iniciativa de falar a respeito de um assunto que em meio a tantas coisas que ocupam nosso dia a dia, acabam passando despercebido. Não é difícil encontrar na vizinhança exemplos de pessoas que sofrem variados tipos de transtornos mentais e são negligenciados, excluídos e humilhados pela sociedade e seus próprios parentes, parabéns, todo esclarecimento e importante.
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